El corto documental de Pedro Lino barre a través de paisajes portugueses en bruto, bañados por el sol, antes de arrojar al espectador en medio de la ‘chegas de bois’, el antiguo ritual de la lucha de bueyes. El efecto es visceral, evocando al mismo tiempo una calidad atemporal en el terreno y la inmediatez de la lucha.

Un dios de cuernos y testículos, que después de cada pelea y cada victoria, sus fieles reciben con aplausos, vítores y ternura. Un dios cuyos devotos aman, sin pedir ningún otro milagro más que la fuerza y la fertilidad, demostrados a la vista de todos, niños, jóvenes y ancianos. Miguel Torga, Revistas, 1968

Um filme solarengo sobre as “chegas de bois” em Portugal.

Atrai-me esta amplidão pagã, sinto-me bem a pisar um chão em que o deus vivo de ricos e pobres, de alfabetos e analfabetos, é o toiro do povo. Um deus de cornos e testículos, que, depois de cada chega e de cada vitória, a gratidão dos fiéis cobre de palmas, de flores, de cordões de oiro e de ternura. Um deus que a devoção adora sem pedir outros milagres que não sejam os de força e da fecundidade, provados à vista da infância, da juventude e da velhice. Um deus a quem se dão gemadas e cervejas para que possa inundar as vacas de sémen, as moças de esperança, os moços de certeza e a senilidade de gratas recordações. Um ente viril, num paraíso sem pecado original. Miguel Torga, Diários, 1968

Pedro Lino's short documentary sweeps across rough, sun-drenched Portuguese landscapes before plunging the viewer right into the midst of the ‘chegas de bois’, the ancient ritual of ox fighting. The effect is visceral, simultaneously evoking a timeless quality in the terrain and the immediacy of the fight.

A god of horns and testicles, that after each fight and each victory, its worshipers greet with applause, cheers and tenderness. A god whose devotees love, without asking for any miracles but strength and fertility, which is proven to all, infants, youth and old. Miguel Torga, Journals, 1968