Ao perceberem que os seus postos de trabalho estão em perigo, os funcionários de uma fábrica portuguesa de elevadores começam por entrar em pânico para, por fim, dançar. Vencedor do prémio FIPRESCI dos críticos em Cannes, situa-se entre um ensaio documental e um musical que analisa problemas de Portugal contemporâneo. [+]
Filme apresentado pela co-produtora Susana Nobre
Uma noite um grupo de operários percebe que a administração está a roubar máquinas e matérias-primas da
sua própria fábrica. Eles logo entendem que esse é o primeiro sinal de um despedimento colectivo.
Ao decidirem organizar-se para proteger os equipamentos e impedir o deslocamento da produção, os trabalhadores
começam a ocupar o seu local de trabalho sem nada que fazer enquanto prosseguem as negociações para os
despedimentos.
Quando, para sua grande surpresa, a administração desaparece, eles ficam com uma fábrica meio vazia. A raiva e frustração dos trabalhadores, ao verem os seus empregos provavelmente transferidos para o estrangeiro, exclusivamente com fins lucrativos e sem consideração pelos seus anos de trabalho, é palpável, mas infelizmente comum.
Sob o signo da falência, os protagonistas tentam manter-se de pé e procurar os caminhos da reconfiguração da sua vida. Conduzidos por uma urgência e uma qualquer pulsão de vida que ainda lhes resta, ao verem o seu trabalho a terminar e todas as instituições que julgavam sólidas a falhar, vêm-se empurrados – com relutância e medo – para uma experiência inesperada, uma aventura colectiva.
A fábrica de nada parte deste cenário, uma realidade comum a centenas de fábricas em Portugal e em toda a Europa e EUA desde a crise em 2008, e conta o que aconteceu numa fábrica portuguesa da empresa de elevadores Otis.
Inesperadamente, este vencedor do prémio FIPRESCI dos críticos em Cannes 2017, evolui de um drama neo-realista e documental para um singular género cinematográfico: um musical neo-realista que analisa problemas de Portugal contemporâneo através de um prisma extremamente inventivo.
A fábrica de nada é a primeira longa-metragem de ficção de Pedro Pinho e esteve presente este ano no IFF Rotterdam integrado na secção Bright Future 2018.
O título do filme e o argumento, co-escrito pelo realizador Pedro Pinho, Luísa Homem, Leonor Noivo e Tiago Hespanha,
são inspirados por uma peça da dramaturga e poeta holandesa Judith Herzberg, De Nietsfabriek. [-]
Filme apresentado pela co-produtora Susana Nobre